Em maio deste ano, Jensen Huang, presidente e CEO da Nvidia (NVDA), fez uma declaração contundente que chamou a atenção do mercado global de tecnologia: “a próxima Revolução Industrial começou”. Segundo Huang, empresas e nações estão se unindo à Nvidia para transformar a infraestrutura de data centers tradicionais em novas “fábricas de IA”, acelerando a computação e produzindo uma nova commodity: a inteligência artificial. Ele destacou que a IA trará significativos ganhos de produtividade, ajudando as empresas a se tornarem mais eficientes em termos de custos e energia, além de abrir novas oportunidades de receita.
Essa visão ambiciosa parecia se materializar rapidamente, com a Nvidia registrando um crescimento espetacular em seu negócio de data centers. No primeiro trimestre, a receita desse segmento alcançou US$ 22,6 bilhões, um aumento de 23% em relação ao trimestre anterior e impressionantes 427% em comparação com o mesmo período do ano passado. Colette Kress, diretora financeira da Nvidia, atribuiu esses resultados à forte demanda pela plataforma de computação GPU Hopper, que impulsionou o crescimento em diversos setores, especialmente entre provedores de nuvem, que agora representam cerca de 40% da receita de data center da empresa.
Preocupações sobre o novo chip
Entretanto, desde então, o cenário sofreu uma reviravolta. As ações da Nvidia experimentaram uma queda significativa em meio a uma retração mais ampla nas ações de tecnologia global. Esse declínio foi exacerbado por relatos de um atraso na entrega de seus novos chips de IA Blackwell, projetados para operar a mais do que o dobro da velocidade dos chips Hopper, utilizando menos energia e oferecendo maior flexibilidade. Segundo o site de tecnologia The Information, uma falha de design na arquitetura Blackwell foi identificada, o que pode atrasar sua produção em até três meses, afetando significativamente as expectativas de receita.
Apesar dos desafios, a demanda por IA continua a crescer, especialmente na Ásia, onde o comércio de chips de IA está em franca expansão. Min Joo Kang, economista sênior do ING Group, observou um crescimento robusto nas exportações de semicondutores relacionados à IA na Coreia do Sul, Japão e Taiwan. Taiwan, em particular, desempenha um papel central nesse ecossistema, sendo a maior fornecedora da Nvidia através da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC).
Dados recentes do Wells Fargo mostram que as exportações de máquinas automatizadas de processamento de dados de Taiwan em julho totalizaram cerca de US$ 9,06 bilhões, um aumento de 85,5% em relação ao ano anterior. Apesar do forte desempenho, as expectativas dos analistas em relação à receita de data center da Nvidia no segundo trimestre de 2025 agora são mais moderadas, sugerindo um crescimento mais lento do que o inicialmente previsto.
Em meio à volatilidade, a corretora New Street atualizou a recomendação de compra para as ações da Nvidia, estabelecendo uma meta de preço de US$ 120. Embora reconheça alguns obstáculos específicos da Nvidia, a empresa vê a correção recente nas ações como uma oportunidade de investimento, sugerindo que a empresa ainda tem um papel central na nova Revolução Industrial impulsionada pela IA.
A Nvidia, que deve divulgar seus lucros do segundo trimestre ainda este mês, estará no centro das atenções enquanto investidores e analistas aguardam sinais de como a empresa lidará com esses desafios em meio a um ambiente de alta demanda por inteligência artificial.